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Aviso a todos os marinheiros desta embarcação em podcast: nesta conversa fala-se de animais – e de como há homens que são umas valentes bestas, mais irracionais do que os bichos –mas não só. Fala-se de música, de vampiros, de amor, de felicidade, de uma tentativa fracassada de assédio sexual por alguém do mundo do jornalismo que já bateu a bota e das maravilhas de quem tem, além de cães e gatos, uma porca em casa que roubou o nome à Olívia do Popeye.
Sandra Cardoso, de 36 anos, veterinária e presidente da associação SOS Animal, é uma mulher simples, de sorriso franco, que passa autenticidade e o seu grande amor aos animais. “Se tirarem os animais de mim, acho que fica pouco.” A sua grande obra tem seis meses de vida e já é tão grande: trata-se do hospital veterinário solidário SOS Animal, localizado no Lumiar, em Lisboa. De portas abertas para todos, permite às pessoas carenciadas tratarem os seus animais com custos mais reduzidos. “Este é um hospital aberto a toda a gente. Com uma tabela de preços igual a todos os outros. O lucro é para [ajudar] aquelas pessoas que têm a tabela três, comprovadamente carenciadas. E uma pessoa carenciada não é aquela que tem dificuldades porque paga a casa e o carro, porque senão somos todos. É quem não tem nada e que recebe o rendimento de inserção social, ou que vive de abonos, com problemas sociais graves, no limiar da pobreza [e que tem um animal para ser tratado].”
A preparar-se para apresentar um novo programa de televisão, na SIC, sobre o mundo animal (há mais de um ano em gravações), conta que ser veterinário é das profissões com mais alta incidência de suicídios. Porque lidam diariamente com a morte e os maus tratos. “Por vezes salvo vidas e sinto-me a maior do mundo. Mas há dias em que, francamente, quase, quase penso em desistir. É muito desgastante, não só ser médica veterinária mas estar consciente e ver até onde chega a maldade humana. E isso tolda um bocadinho a inocência e a esperança na Humanidade. Entendo porque é que há uma taxa tão grande de suicídio entre os veterinários. Porque é muito difícil fazer de Deus. E nós fazemos. Escolhemos entre a vida e a morte tantas vezes...”
De momento, no seu hospital, Sandra tem dez animais para adoção, mas recebe diariamente outros tantos bichos a precisarem de abrigo e tratamento. “Infelizmente não conseguimos ajudar todos. Acreditamos que todos os animais têm de ter o direito a assistência médica, e lutámos pela criação deste Hospital Solidário Veterinário. Daí precisarmos tanto da ajuda das pessoas para fazermos a diferença. Porque não temos qualquer apoio estatal.”
À pergunta sobre como se pode ajudar a SOS Animal, eis aqui várias maneiras: fazendo voluntariado; sendo uma família de acolhimento temporária; recolhendo um animal e tomando conta dele enquanto não chegar a uma família de adoção definitiva: apadrinhando um animal; entregando donativos em géneros (ração, produtos de limpeza, desparasitantes, medicamentos, coleiras, etc); ou fazendo um donativo, através desta conta bancária da Caixa Geral de Depósitos (NIB – 0035 0202 0003 5876 23091).
Mas há muito mais para ouvir e descobrir neste episódio: para o fazer, basta clicar na seta que se encontra no topo deste texto ou descarregar no Soundcloud.
O programa “A Beleza das Pequenas Coisas” conta com música dos Budda Power Blues.