O PS enquanto família em circuito fechado não é de agora. Durante o Estado Novo, os antepassados do PS, a oposição respeitável dos cavalheiros maçónicos, era uma corte à parte que tinha o melhor dos dois mundos: era socialmente privilegiada como a elite direitista conotada com o regime, mas tinha o encanto romântico da oposição. Seguir, por exemplo, o percurso dos Pulidos Valente é acompanhar um conjunto de famílias (Soares, Azevedo Gomes, Pulido Valente, etc.) de uma elite de esquerda tão endogâmica como a elite da direita social retratada por Filomena Mónica. Sem surpresa, Maria Helena Pulido Valente, filha de Francisco Pulido Valente e mãe de Vasco Pulido Valente, conheceu o marido na casa de Azevedo Gomes, patriarca do MUD. Maria Helena considerava-se parte desta “grande família”, que, no caso dela, incluía também a nobreza do PCP (Jesus Caraça, Cunhal). Estas famílias faziam almoços, piqueniques, tertúlias, abaixo-assinados. A vida privada não se separava da vida política. Colocavam os filhos nas mesma escolas; os filhos acabavam por se casar uns com os outros. Pois bem: Soares, o soarismo e o PS são os filhos deste velho elitismo que transformou o Portugal democrático num condado do Largo do Rato.
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