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Opinião

Listar os inimigos do povo

A criação e manutenção de listas de inimigos políticos como ferramentas de repressão política não é nova, mas é sinal de deriva autoritária a que nenhum regime nem ideologia está imune

Em 1957, em plena Guerra Fria e no auge do macarthismo, o Supremo Tribunal americano analisou o caso de um professor que se recusou a responder a perguntas relativas a uma aula sobre marxismo na Universidade do New Hampshire. Entenderam os juízes que “[a] mera heterodoxia ou dissidência em relação aos costumes predominantes não deve ser condenada. A ausência dessas vozes seria um sintoma de doença grave na nossa sociedade” (Sweezy vs. New Hampshire). Alguns anos mais tarde, o mesmo tribunal invalidou legislação de Nova Iorque que proibia suspeitos de comunismo de lecionar em universidades públicas. A liberdade académica é uma dimensão essencial da Primeira Emenda e o governo “não pode lançar um manto de ortodoxia sobre as salas de aula” (Keyishian vs. Board of Regents).