É muito difícil ter sempre sentido que sou o outro. Quando conheci a Maria e começámos a namorar, sabia perfeitamente que ela era casada, tinha uma família, mas estava apaixonada por mim. Também sabia que o casamento dela estava longe de ser catastrófico, pelo contrário, era calmo, solidário na educação dos filhos, equilibrado na autonomia que cada um tinha, sem desconfianças ou controles. O início foi tão forte que raramente me lembrava que existia um Pedro, de quem aliás não falávamos. Aceitava sem problema a disponibilidade e a indisponibilidade dela, sempre me coloquei no lugar de quem não a tinha em pleno. A ideia de ser o outro, não existia dentro de mim. Queria lá saber se era o principal ou o outro. Também eu tinha a minha vida, já estava divorciado, mas com os meus filhos, precisava de espaço e de tempo, para eles e para mim.
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O outro
A ideia de ser o outro não existia dentro de mim. Queria lá saber se era o principal ou o outro