Exclusivo

Opinião

O very-light de Tavira

A conclusão do caso, de facto, torna o drama mais pequenito. Foi um refluxo num quadro de tensão alta. Já passou

Deveriam aproveitar-se os batalhões de assessores, os incontáveis magos do marketing, mais os visionários de tendências, e todos juntos pensarem em campanhas políticas que de uma vez por todas abandonassem o carrossel previsível, visto e revisto vezes sem conta. Há uma monotonia de relógio que, se não for a principal causa de abstenção, também não convida ao voto. Depois da primeira fase, uma cansativa revoada de debates televisivos que pretendem mostrar como o candidato é sério, combativo, rápido de raciocínio, fiel de bons passados, prometedor de quimeras que desta é que é, segue-se uma ida ao balneário para tirarem as gravatas e surgirem na estrada com o fato que a ocasião pedir. É a quinzena final. Distribuirão beijinhos a velhinhas, deixar-se-ão abraçar pela genuína feirante, rirão da frase gritada da peixeira, que lá entre o vernáculo de corar afinal diz umas verdades, entrarão em cafés e ao balcão já os assessores lhes colocaram o café e o bolo e a ginja, que apreciarão como o primeiro café e bolo e ginja que alguma vez provaram. O próprio linguajar se lhes modifica, porque é necessário adaptá-lo a jovens, a pequenos empresários, a enfermeiros e doentes, a imigrantes, agricultores. Uma canseira. É uma maratona desgastante para os candidatos e para nós, e o que deveria fazer parar é a eficácia de tudo isto, ou a notória falta dela.