Nos anos 90 entrevistei José Tolentino Mendonça para o “Diário de Notícias”. Não me lembro bem do contexto, mas ele estaria com os seus 23 anos, acabara de ser ordenado padre e fora-lhe atribuída a paróquia do Machico. Tolentino fez parte da geração de poetas e escritores nascidos no “DN Jovem”. Escrevia poesia e textos curtos, fluidos como uma brisa, e todos lhe tínhamos respeitinho e admiração. Ele não era profano. Ele estudava no seminário para ser padre. Nos anos 80, ninguém estava virado para a religião. Eram todos agnósticos ou ateus. Queríamos Bairro Alto, curtes e charros. Nada de sagrado a não ser a vida que nos tinha sido oferecida pelo acaso.
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Tolentino, o reformador
É um homem sereno, sério e benevolente. É sobretudo um humanista, um sábio e um homem deste tempo