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Opinião

Não calar o Papa do fim do mundo

Este foi o Papa que disse que “o Senhor está com os migrantes, não com quem os rejeita”. Que pediu perdão por séculos de discriminação dos ciganos e os comparou a Jesus. Que beijou os pés de reclusas. Encontrou Cristo onde estão a vítimas do ódio. Recordar a mensagem do Papa não é usar a sua morte para constranger os que nunca lhe deram ouvidos. É não permitir que se use a sua morte para calar a sua mensagem radicalmente corajosa e dolorosamente solitária

“Vós sabeis que o dever do Conclave era dar um Bispo a Roma. Parece que os meus irmãos Cardeais o foram buscar quase ao fim do mundo. Eis-me aqui!”

Foi assim que, chegado à varanda da Basílica de São Pedro, Jorge Bergoglio, agora Francisco, se apresentou. Deixo para o texto do semanário o balanço mais profundo sobre o pontificado de um Papa que considero, apesar de não crente, exemplo político e moral. Aqui, quero falar do fim do mundo. Não do lugar de onde veio o primeiro Papa nascido fora da Europa nos últimos mil anos, mas dos lugares onde foi e quase ninguém vai. Talvez as duas coisas estejam ligadas.