Daqui a tempos, quando se escrever a história deste pesadelo americano, teremos de referir, como exemplo perfeito da arrogância fascista de Donald Trump, a carta que ele fez enviar à Universidade de Harvard — e que suponho basicamente igual à que enviou a outras 70 universidades americanas, ameaçando-as de lhes cortar os financiamentos, se não se rendessem às suas intimações. Em suma, Trump exigia que os programas, as contratações e admissões na universidade fossem submetidas ao aval da sua Administração, que os planos de estudo fossem aprovadas por uma “entidade externa”, que fossem perseguidos todos os estudantes e professores que se manifestassem contra o genocídio de Israel em Gaza, incluindo os que o fizeram no passado, e que fossem abolidas todas as políticas DEI (diversidade, equidade, inclusão) — ou cortava-lhe 2200 milhões de dólares de subvenções (como viria a fazer) ou até a isenção fiscal. Tudo isto em nome da “meritocracia” — a mesma que admitiu Trump na Universidade da Pensilvânia, depois de o seu pai ter ‘doado’ um milhão de dólares para o efeito. Mas a história registará também a resposta do reitor de Harvard, Alan Garber: “Nenhum governo pode determinar o que uma universidade privada pode ensinar e quem contrata como professor ou admite como estudante.” Também as universidades portuguesas que têm acordos com os EUA receberam semelhante carta, intimando-as a obedecer às directivas da Casa Branca, sob pena de corte de financiamento dos programas comuns. E eu, que ultimamente ando a sonhar muito, sonhei que Marcelo Rebelo de Sousa tinha enviado uma carta ao psicopata, dizendo o seguinte:
Exclusivo
Quando vale tudo
Não posso deixar de sorrir por dentro quando hoje vejo tantos antigos propagandistas dos Estados Unidos declararem-se chocados com o trumpismo e, por oposição, tão admiradores dos velhos e fiáveis “valores europeus”