Opinião

A queda do Governo e o descrédito da Política

Portugal precisa de um sobressalto cívico. Precisa de líderes que governem com visão, responsabilidade e sentido de missão

Hoje assistimos a um espetáculo degradante na casa da democracia portuguesa. Um espetáculo marcado por interesses pessoais, jogadas políticas e uma desconexão gritante entre os representantes eleitos e aqueles que, supostamente, deveriam representar: o povo português.

A moção de confiança foi chumbada, o governo caiu e, no fim do dia, ninguém saiu bem na fotografia. Mas há algo ainda pior do que a instabilidade governativa: o crescente descrédito da política e das instituições democráticas.

Enquanto os partidos se engalfinham para manter ou conquistar poder, os portugueses assistem, desiludidos, à triste realidade de que os seus interesses são sempre secundários. Ninguém discute soluções para os problemas estruturais do país. Ninguém se foca na Economia, na Saúde, na Educação ou no custo de vida que sufoca milhares de famílias. Não. A prioridade continua a ser a manutenção de cargos, o xadrez político, o jogo de bastidores.

E a pergunta que fica é: até quando? até quando aceitaremos uma classe política mais preocupada com estratégias eleitorais do que com o bem-estar dos cidadãos? Até quando seremos reféns de políticos que parecem esquecer-se de que estão lá porque foram eleitos para servir e não para se servirem?

Portugal precisa de um sobressalto cívico. Precisa de líderes que governem com visão, responsabilidade e sentido de missão. Precisa de cidadãos que exijam mais, que se indignem com razão e que recusem continuar a ser meros espectadores deste teatro onde, invariavelmente, quem paga a conta somos todos nós.


O país não pode continuar nesta roda-viva de crises políticas intermináveis. O tempo de brincar com o futuro dos portugueses tem de acabar. E depressa.