Em 2020, Emmanuel Macron era o convidado de honra de Vladimir Putin no 75º aniversário da vitória da União Soviética sobre a Alemanha Nazi, anualmente celebrado a 9 de maio, na Praça Vermelha. O Presidente francês só não esteve presente por um motivo maior: uma pandemia irrompeu pelo globo, suspendendo a normalidade diplomática e não só. No mesmo ano, com Donald Trump no seu primeiro mandato na Casa Branca, a possibilidade de a Federação Russa voltar a ser convidada para as reuniões do G7 — fazendo-o novamente G8 — foi abordada entre a França e os Estados Unidos. Aquilo que alguns tomam por ‘kissingerianismo invertido’ — uma reaproximação a Moscovo para contrabalançar a China, como Nixon restabeleceu relações com Pequim para contrabalançar Moscovo — foi uma estratégia de política externa relativamente aceitável até há muito pouco tempo. Merkel e o estabelecimento de um cordão umbilical energético entre a Alemanha e a Rússia foram um produto desse espírito.
Exclusivo
À segunda vista
O que torna a política externa da administração Trump disruptiva para os seus aliados é agir como se a invasão não houvesse acontecido; como se ainda estivéssemos em 2020