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Opinião

Vamos ignorar que os EUA passaram para o outro lado?

Haverá um antes e um depois do discurso de Munique. A defesa da Europa e da Ucrânia terá de ser garantida pelos europeus depois do acordo promovido pelos EUA sem a Europa e a Ucrânia. A Europa não tem de gastar 5% do PIB em defesa, assim como não os gastam os EUA, que querem que lhes compremos armas. Mas tem de se defender. Fora do quadro da NATO. Antes de nos armarmos, temos de saber para quê, com quem e de quem nos defendemos. Não se percebe quem são os inimigos estando equivocado quanto aos aliados

Em 1938, o primeiro-ministro britânico, Neville Chamberlain, voou até Munique para “oferecer” a Hitler o País dos Sudetas e, com ele, as defesas fronteiriças que retiraram qualquer possibilidade da Checoslováquia se defender da ameaça militar alemã. 87 anos depois, a cidade que é símbolo da capitulação das democracias europeias ouviu o vice-presidente norte-americano exigir a capitulação da Europa aos valores de Trump e da extrema-direita europeia. Não foi um momento menos inspirado. Haverá um antes e um depois desta declaração de “guerra” política.