Donald Trump associa a violência desumanizadora a uma visão empresarial da política. Associa a forma como trata os imigrantes que deporta (como outros deportaram), exibindo-os de mãos e pés algemados, ao sonho de transformar Gaza numa nova Riviera ou às suas ambições para a Gronelândia. Para Trump não há história, não há povos, não há soberania alheia. Há uma excelente parcela de terra à beira-mar e o acesso às rotas para norte e às matérias-primas que os EUA precisam. Há negócios. Sendo uma potência imperial desde a passagem do século XIX para o século XX, nada disto é uma novidade para os EUA. Ontem foram ocupações, hoje são tarifas. Também não me parece que Israel alguma vez tenha olhado para os palestinianos de forma diferente de Trump. Mais uma vez, é o colorido que muda. Onde uns veem espaço para expandir o seu território e construir colonatos, outro vê um negócio imobiliário. Para os dois, o povo de sub-humanos que ali vive há séculos é um obstáculo a ser removido, sem que tenha sequer o direito moral à resistência.
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Agora sim, é preciso polarizar
Trump não é uma excrescência do sistema, é o ponto a que o sistema chegou. O incómodo vai passar e ele será o mainstream. Isto desfaz a ideia da polarização entre extremos. Assistimos, desde a queda do Muro de Berlim, a uma rampa deslizante. Talvez faça falta uma verdadeira polarização que ajude a puxar as coisas para o meio