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Opinião

Última chamada para Frankfurt

O BCE tem de escolher entre uma inflação de 2% e evitar uma recessão que espreita na Alemanha e pode contaminar a zona euro

A última milha é a mais difícil em quase tudo. Também na política monetária. Os bancos centrais foram bastante bem-sucedidos a domar a inflação quando esta virou a barreira dos dois dígitos pela primeira vez em décadas. Só que a batalha não está ganha. A taxa está perto, muito perto, da meta de 2%. É um pequeno passo para a inflação — quatro décimas na zona euro, revelou a estimativa para dezembro — que pode ser um enorme salto para a economia. O PIB da moeda única escapou à recessão até agora, algo que muitos consideravam improvável ou até impossível, e tudo se joga nos próximos meses. Desde a pandemia, a zona euro cresceu 23,7% e os EUA avançaram quase o dobro. Para 2025, a previsão de Bruxelas é de apenas 1,3%, depois de dois anos seguidos abaixo de 1%, e com a Alemanha praticamente em recessão. O Bundesbank cortou recentemente a projeção para 0,1% e avisou que, num cenário de guerra de tarifas, será mesmo negativo.