A segunda Comissão de Von der Leyen foi aprovada esta semana no Parlamento Europeu depois de meses de dúvidas e críticas. Pela primeira vez desde 1999 nenhum comissário foi “chumbado” pelo Parlamento Europeu. Paradoxalmente, foi também a Comissão que obteve menor apoio parlamentar, desde que a Comissão Europeia passou a estar sujeita à aprovação do PE em 1995. Este paradoxo explica-se porque a oposição a diversos comissários era tão forte que a sobrevivência de uns foi o preço a pagar pela sobrevivência de outros. O escrutínio e aprovação individual dos comissários que o Parlamento Europeu tinha introduzido arriscava, num contexto de enorme polarização, resultar numa rejeição de tantos candidatos que a Comissão perderia o apoio maioritário. A solução, paradoxal, foi, de facto, votar em bloco: ou todos ou nenhum. A Comissão foi aprovada por uma pequena maioria, muito diferente e heterogénea, dividindo os grandes grupos políticos europeus e regressando, em boa medida, a alinhamentos nacionais.
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UE cada vez mais dos governos nacionais
Acentua-se o círculo vicioso: a fragmentação e polarização política (dentro dos, e entre os, Estados-membros) diminuí a capacidade política europeia de responder aos desafios atuais. E essa incapacidade aumenta ainda mais a fragmentação e polarização políticas