Opinião

Persistência na inovação

Lisboa afirma-se como um polo incontornável no mundo da tecnologia e como uma cidade que acolhe os talentos do digital com toda a naturalidade

Mais uma edição da Web Summit e praticamente damos por adquirido o seu impacto. Já não nos surpreendem as dezenas de milhares de visitantes de todo o mundo, os cruzamentos entre pensadores e investidores, as oportunidades para empreendedores e profissionais do sector, as apresentações informadas sobre temas como a inteligência artificial ou a robotização. Esta sensação de banalidade perante uma realidade que era difícil de imaginar há alguns anos é em si mesma reveladora do caminho que Lisboa tem trilhado nestas áreas. De facto, afirmámos-nos como um polo incontornável no mundo da tecnologia e como uma cidade que acolhe os talentos do digital com toda a naturalidade.

A verdade é que a estratégia para a inovação em curso na capital, que tem sido implementada com perseverança e acelerada com ambição, não se esgota na realização de grandes eventos. Tem havido visão, trabalho e detalhe numa série de frentes. Os tempos recentes têm sido profícuos: a Fábrica de Unicórnios, tão subestimada quando foi apresentada, trouxe finalmente um destino ao espaço do Beato, atraiu 14 dos ditos unicórnios (uma concentração muito superior a Madrid, por exemplo) e mobilizou centenas de outras empresas, que por um lado beneficiam e por outro lado contribuem para este ecossistema. Noutro registo, foram lançados múltiplos centros tecnológicos em Lisboa, agregando projetos e competências em ambientes criativos, como sejam o Green Hub, o Gaming Hub e o AI Hub.

Toda esta dinâmica tem contribuído para fomentar um ambiente de inovação, sem dúvida. Mas para além do reforço da competitividade, verifica-se um elevado impacto na geração de emprego qualificado. E este ponto merece ser destacado. Nos últimos três anos foram criados na área tecnológica mais de 15 mil postos de trabalho diretos, um volume significativo de novas possibilidades, e horizontes alargados para jovens, programadores e quadros técnicos. E já estão em fase de implementação outros projetos de centros de competências, alguns de grande envergadura, inclusive para cobrir mercados externos, que acrescentarão milhares de novos postos de trabalho. Esta fixação de talentos em Lisboa, tanto em start-ups como em empresas já estabelecidas que têm vindo a reforçar aqui a sua presença, tem um enorme impacto social.

A consistência desta aposta no digital é hoje indiscutível. Não foi por acaso que Lisboa ganhou o prémio da Capital Europeia da Inovação em 2023, recebido por Carlos Moedas, um autarca que percebe bem estas novas realidades. Não é por acaso que o caudal de investimentos, projetos e fixação de talentos permanece robusto. É importante que a cidade continue a apostar nestas áreas de futuro, críticas para a competitividade, geradoras de novas dinâmicas, e criadoras de empregos com valor acrescentado.