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Opinião

Eleições alemãs: ameaça de uma campanha extremista

A encruzilhada em que a Alemanha se encontra é simbólica da luta entre razão e populismo que define a política global contemporânea

No xadrez da política europeia, a Alemanha é uma peça vital. A sua estabilidade e compromisso com os princípios democráticos têm sido uma âncora para a União Europeia, constantemente pressionada por desafios económicos, energéticos e, sobretudo, pela necessidade de assegurar a sua segurança. Contudo, o tabuleiro político alemão enfrenta agora um momento crítico: com a quase certa queda do Governo de Olaf Scholz, fruto de uma coligação sem coesão nem projeto sólido, as eleições federais antecipadas, previstas para 23 de fevereiro, colocam o país numa posição delicada, semelhante a um rei encurralado por peões imprevisíveis. Este cenário abre caminho a uma das campanhas mais polarizadas, radicalizadas e intensas da história recente da Alemanha, onde discursos extremistas da direita e da esquerda ameaçam dominar o debate.

O Executivo de Scholz foi constantemente marcado por crises internas e dificuldades de gestão. A coligação que o sustentava nunca conseguiu estabelecer uma base sólida de consenso, resultando numa governação frequentemente instável e fragmentada. A falta de coesão entre os parceiros de coligação traduziu-se em dificuldades para adotar políticas eficazes, deixando o Governo vulnerável a críticas e incapaz de responder aos desafios urgentes do país. Scholz, embora um político afável, nunca conseguiu transcender essa imagem.