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Opinião

O “padrinho” da IA também tem medo dela

Há 18 meses, o investigador canadiano Geoffrey Hinton saiu da Google em rota de colisão com o rumo da inteligência artificial (IA), avisando que as máquinas poderiam um dia ser mais inteligentes do que os humanos. A ironia é que Hinton é considerado o “padrinho” da IA, tendo sido um dos pioneiros que permitiu o seu atual desenvolvimento. Esta semana, a Real Academia das Ciên­cias da Suécia deu-lhe o prémio Nobel da Física, a par do investigador norte-americano John Hopfield, pelo seu trabalho em machine learning, ou aprendizagem automática. Foram as suas descobertas que permitiram criar as redes neuronais artificiais em que se baseiam todo o tipo de sistemas de IA, um trabalho que começou nos anos 80 inspirado no funcionamento do cérebro humano. “Estas redes neuronais artificiais têm sido usadas para investigação avançada em tópicos da física tão diversos quanto a física de partículas, ciên­cias materiais e astrofísica”, disse Ellen Moons, chair do Comité do prémio Nobel para a Física, no anúncio dos laureados. “Também se tornaram parte das nossas vidas quotidianas, por exemplo no reconhecimento facial e tradução de línguas.”