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Opinião

O Orçamento mais fácil de sempre

Fazer as contas do Orçamento do Estado é fácil. Difícil é Governo e PS entenderem-se. Porque podem: há dinheiro para isso

Quem acompanhou a política orçamental dos últimos anos conhece bem a dificuldade de fazer Orçamento do Estado em momentos de sufoco financeiro. Por várias razões. Para cumprir o Pacto de Estabilidade e Crescimento. Para reagir à crise da dívida que nascia na Grécia e contagiava a zona euro. Para respeitar o programa da troika. Para encurtar défices e convencer investidores e agências de rating. Foram muitos anos, décadas até, a viver sob alta pressão das contas públicas. Desde a ‘tanga’ de Durão Barroso em 2002 aos anos da ‘geringonça’ de Centeno (e Leão) a controlar as contas com mão de ferro. Isso já passou. Portugal vive com excedente orçamental desde 2023, tem a dívida abaixo de 100% do PIB pela primeira vez em década e meia e cumpre sem esforço as novas regras orçamentais da zona euro. Tudo simples, o Orçamento mais fácil de sempre. Só falta mesmo haver acordo no Parlamento para o aprovar. (À hora que escrevo estas linhas, na tarde de quarta-feira, ainda não há entendimento entre Governo e PS nem é conhecido o documento que terá sido entregue quinta-feira na Assembleia da República.)