A organização dos Jogos Olímpicos é uma manifestação da força e da superioridade de um país, de um regime ou de uma economia. Emmanuel Macron decidiu fazer de Paris palco da exibição da força e da superioridade de França, da democracia e do cosmopolitismo. Não seria fácil. Mas, subvertendo uma tradição de 100 anos, a prova foi esmagadoramente superada. Haverá um antes e um depois de Paris. O sinal começou pelo desconfinamento dos Jogos. Ao tirar a cerimónia (e as competições) dos estádios, França exibiu a fragilidade e a força da democracia, que se move no que existe, não em construções desenhadas pelo poder. É uma mentira, obviamente. Para fazer de Paris palco da glória democrática teve de se suspender a vida de milhões de cidadãos, com menos respeito pelo seu quotidiano do que se tudo acontecesse num estádio. Mas é uma bela mentira.
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Forjar a identidade
A simbologia da abertura dos Jogos Olímpicos não é antinacionalista. Ela tenta reconstruir a imagem de França, fazendo da diferença a sua orgulhosa identidade. Macron sabe que não há identidade nacional que não tenha sido forjada pela propaganda