Apesar de vários observadores internacionais não terem sido aceites pelo regime de Caracas – incluindo os da União Europeia, como é natural, tendo em conta as sanções impostas –, estiveram muitos observadores internacionais nas eleições venezuelanas. Entre eles, da ONU e do Centro Carter, com credibilidade indiscutível. Este último já pediu a divulgação das atas eleitorais. Neste momento, é isso que está em causa: transparência. Mas o cancelamento do relatório do Centro Carter e a retirada do seu pessoal do país não augura nada de bom.
Como disse o presidente do Chile, Grabiel Boric (de esquerda), é difícil acreditar, para usar um eufemismo, nos resultados anunciados pelo Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela, controlado pelo regime. Seria um fenómeno político que um presidente com os resultados económicos de Nicolas Maduro conseguisse uma maioria absoluta de votos. Ainda mais quando, em profunda crise económica, os eleitores foram em massa votar. Todo o comportamento do governo – dos bloqueios a candidaturas (até de esquerda) à opacidade do processo, que se resolveria com a divulgação de todas as atas das mesas eleitorais, passando pelo facto da CNE ter falado de "uma tendência contundente e irreversível” quando faltavam contar 20% dos votos e Maduro teria 51,2% – torna muitíssimo plausível a tese da fraude eleitoral.