Em 1994 tive a oportunidade de trabalhar no National Institute for Medical Research, em Londres, como parte do meu projeto de mestrado, e a minha vida nunca mais foi a mesma. Foi a primeira vez que visitei o Reino Unido e que morei fora da minha cidade natal. Os seis meses que passei em Londres revelaram-me um mundo extraordinário, muito além dos livros que tinha lido. Após essa experiência fiz tudo para voltar. Em janeiro de 1995 regressei a Londres, onde vivi por quatro anos, e completei o meu doutoramento na University College London em 1998. Depois passei alguns anos do outro lado do oceano Atlântico, na New York University, regressando a Portugal há cerca de 20 anos. Talvez por causa dessa vivência pessoal sinto uma certa dificuldade em discutir a chamada “fuga de cérebros”. Acredito que, numa sociedade baseada no conhecimento, todos devem ser incentivados a viver em diferentes regiões do globo. Num mundo perfeito, o dinamismo é tal que todos ganham — os indivíduos expandem horizontes e as sociedades aprendem a conviver com culturas diversas.