Olhando para a decadência do macronismo e nunca pondo todos os ovos no mesmo cesto, a elite económica francesa estava preparada para o Governo autoritário de Bardella e Le Pen. Apesar da retórica popular, a União Nacional (RN) opôs-se ao aumento dos salários médios e mínimo, optando por propor a redução das contribuições para a Segurança Social, e defendeu menos regras ambientais. Como nos anos 30, a chegada dos fascistas ao poder teria o amparo do dinheiro. Foi o povo francês, e só ele, que a travou. E, para isso, a capacidade de a Nova Frente Popular (NFP) e de a França Insubmissa conquistarem o voto dos trabalhadores, dos subúrbios das grandes cidades e dos jovens foi crucial. Não foi apenas a extrema-direita que foi derrotada. Foi o “nem-nem”, que repetia as equiparações do costume.
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A desdemocratização da democracia
Quem acha que os socialistas devem romper a sua aliança e aplicar o programa neoliberal de Macron não percebe o que aconteceu. Ou percebe, mas tenta vencer sempre, seja com extrema-direita, liberais ou socialistas. Ao retirar a economia da disputa no campo democrático, esvazia-se a democracia. Se os eleitores não podem escolher o seu destino, é natural que escolham o protesto inconsequente