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Opinião

Somos todos Miranda Sarmento

A margem do ministro das Finanças para escapar ao défice e cumprir as regras europeias num Orçamento decisivo é muito estreita

Para a minha geração, saldo orçamental e défice são praticamente sinónimos. Dificilmente se concebe que o Estado possa ter contas positivas. Mas elas existem. Mário Centeno conseguiu-o em 2019 (0,2% do PIB) e Fernando Medina subiu a fasquia no ano passado (1,2% do PIB). Este ano, voltámos à novela do défice e às derrapagens orçamentais que parecia arredada das nossas vidas. O ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, arrancou o mandato com alertas sobre o estado das contas públicas, sem nunca deixar de garantir excedentes em 2024 e 2025. É difícil, nesta altura, saber como irão fechar as contas deste ano e, pior ainda, qual será ser o saldo de 2025. O que sabemos é que a generalidade das projeções em políticas invariantes (sem considerar novas medidas) apontam para excedentes nestes dois anos. Nos primeiros três meses de 2024, revelou o Instituto Nacional de Estatística, houve um défice de 0,2% do PIB. É bem pior do que o superávite de 1,1% conseguido em igual período do ano passado, que nada de definitivo nos diz, no entanto, sobre o caminho que as contas poderão tomar até dezembro.