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Opinião

Qual o drama das alterações climáticas?

Vem aí 6ª grande extinção. Bastam umas dezenas de milhões de anos para a vida exuberante voltar. Calma nisso

William Anders foi um dos astronautas da missão Apollo 8, a primeira a realizar uma órbita lunar. Morreu neste junho. E teve direito a obituários destacados devido a uma foto que tirou. O major Anders, piloto de jato e engenheiro nuclear, tinha sido nomeado o fotógrafo dessa missão de 1968, embora não tivesse grande experiência. Segundo contou, quando viu a Lua não sentiu grande excitação: era uma praia cinzenta, aborrecida e feia. As imagens à superfície lunar estavam a ser capturadas pelos pilotos da Apollo 8. Ao olhar pela abertura lateral, na quarta órbita, viu cores. Ali estava o planeta Terra, “como um globo na secretária da professora”. E conseguiu tirar três fotos. Uma ficou imortalizada. Em primeiro plano, o horizonte lunar num cinza luminoso e, ao fundo, na solidão do Universo, meio planeta azul a viver o dia e a outra metade submersa na noite. Nunca algo visto. A imagem “Earthrise” tornou-se icónica pela beleza e fragilidade com que representou a Terra. Anders relembrou a comoção do momento — era véspera de Natal, na Terra ocorriam várias guerras, e ali estava a flutuar no espaço a nossa casa azul. A “The Economist” fez este título a propósito da morte de Anders: “A foto que deu início ao movimento ambientalista”. Corta o momento poético. Cinquenta anos depois, o pináculo desse mesmo movimento ambientalista consiste em atirar tinta a quadros centenários e colar as mãos a paredes. Resultado? Menos petróleo? Não. Caixas à prova de bala a dificultar quem quer apreciar as obras de arte. Mas talvez não sejam eles, talvez seja eu.