Porque raramente começo um texto sem ter um prazo a rebentar-me em cima da cabeça, dificilmente alguma vez cometerei um erro de cronistas mais organizados do que eu: escrever obituários em vida, como esta semana aconteceu aos que acreditaram nas notícias da morte de Noam Chomsky e enviaram para as redações os textos que já tinham preparados, ou que viram as redações publicar os textos que lhes haviam encomendado para o caso de Chomsky um dia morrer (foi o que aconteceu à “New Statesman” e a Yanis Varoufakis, por exemplo). Mesmo sendo certo que toda a gente morre, não consigo escrever sem ter a certeza de que é mesmo preciso fazê-lo. Mas isso dá-me um excelente pretexto para escrever sobre um assunto mais alegre: não só Noam Chomsky está vivo como saiu bem-disposto do hospital da Beneficência Portuguesa em São Paulo. E, pensando bem, não há nada mais urgente do que a vida.
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A semana em que Chomsky não morreu
Se somos formados pelo mundo em que nascemos, o mundo em que Noam Chomsky nasceu é bem diferente do de hoje. Chomsky nasceu e cresceu num ambiente duplamente minoritário, enquanto judeu e anarquista