Em momentos de maior cinismo, apetece-me agradecer a quem ganha mil euros e votou na AD. A sua generosidade para com os que têm o ‘azar’ de ganhar bem é comovente. E o argumento para a nova política fiscal não podia ser mais classista, como é toda a tralha meritocrática: os invejosos que não querem baixar os impostos a quem ganha mais estão a castigar quem se esforçou. Ficam a saber os milhões de portugueses que, se ganham pouco, é por falta de trabalho e empenho.
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Um país, dois sistemas
Exige-se um esforço de mil milhões de euros ao país para ajudar, de forma desproporcional, os jovens mais ricos. Pôr um jovem de 30 anos que ganha 6000 euros a pagar a mesma taxa de IRS que um ‘idoso’ de 40 que ganhe 1200 não impedirá a emigração. Mas é o balão de ensaio para rebentar com a progressividade do IRS, cavando ainda mais o fosso das desigualdades