O surrealismo, aos 100 anos, não é um corpo morto, até na medida em que o seu programa não se esgotou, nem podia. Definiu-o assim André Breton, no extraordinário “Manifesto do Surrealismo” de 1924, texto engenhoso e veemente que envergonha outros manifestos, meros cadernos de encargos: “Automatismo psíquico puro, pelo qual se pretende exprimir, verbalmente ou por escrito, ou de qualquer outra maneira, o funcionamento real do pensamento. Ditado do pensamento, na ausência de qualquer vigilância exercida pela razão, para além de qualquer preocupação estética ou moral.” Acreditemos ou não que isto seja viável com um elevado grau de constância e conseguimento, a verdade é que apenas foi tentado em pequenos grupos e por períodos curtos. Raros são os escritores e artistas que abdicam por completo da moral e da estética. E menos ainda os que preferem o automatismo ao velho e talvez mítico “talento”.
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O Surrealismo aos 100
Raros são os escritores e artistas que abdicam por completo da moral e da estética. E menos ainda os que preferem o automatismo ao velho e mítico talento