Só tenho uma utopia: ver na minha velhice uma Grande Lisboa muito diferente daquela onde nasci e cresci; uma Grande Lisboa que devolva a cidade à glória que perdeu em 1755, época em que ainda estava no pódio das cidades europeias, uma metrópole única no exotismo e na mistura mulata. A minha quimera urbana é uma capital que vai para lá da fronteira municipal, é uma Lisboa fluida na ligação com os arrabaldes da margem norte; esta ligação centro-periferia é tão forte que todos, das Avenidas Novas até Loures, se sentem lisboetas. E sabem que mais? Estamos nesse caminho; é um caminho em câmara lenta, mas é um caminho. A decisão de mudar o aeroporto para Alcochete reforça este sonho verosímil.