Exclusivo

Opinião

O tabu que nasce da culpa

A autoproclamada superioridade moral do Ocidente é ensombrada pelos seus crimes contra os judeus e precisa de apontar esse tenebroso espelho para outros rostos. Cala-se a crítica ao genocídio em Gaza para fazer as pazes com a História. Mas foi da indiferença perante o crime que nasceu a matança de judeus, ciganos, arménios ou palestinianos

Um congresso pró-palestiniano em Berlim foi cancelado pela polícia, que cortou eletricidade, confiscou microfones e deteve alguns participantes. Entre os oradores estava Yanis Varoufakis, proibido, depois disto, de falar sobre o tema na Alemanha, mesmo através de videoconferência. Na origem do silenciamento de um evento organizado pela Voz Judaica pela Paz esteve a possibilidade de propagação de discurso antissemita, acusação curiosa para um evento organizado por judeus. Nos EUA, 13 juízes federais nomeados por Trump escreveram uma carta ao reitor da Universidade de Columbia dizendo que, depois dos protestos dos seus estudantes contra a invasão de Gaza, deixarão de contratar profissionais formados por esta prestigiadíssima instituição. “Perdemos a confiança em Columbia como instituição de ensino superior”, dizem, assegurando que “o objetivo do boicote não é impedir a liberdade académica, mas restaurá-la”. A punição coletiva, ameaçando todos os estudantes de restrições no acesso a prestigiadas e bem pagas posições no sistema judicial, só visa restaurar uma coisa: o macarthismo.