A primeira coisa a fazer é dissipar todas as ilusões de que os acontecimentos sejam reversíveis. Há um Portugal antes do parágrafo e um Portugal depois do parágrafo — e o mero facto de eu nem precisar de explicar a que parágrafo me estou a referir diz já tudo. Vivemos no país em que uma investigação do Ministério Público na qual alguém ouviu o nome do primeiro-ministro ser mencionado numa conversa entre duas pessoas num contexto de “vou falar ao Costa para resolver isso” foi encontrar o seu lugar num parágrafo de um comunicado assinado pelo gabinete de imprensa da Procuradoria-Geral da República que levou à demissão do primeiro-ministro, que levou a eleições antecipadas (embora estas não fossem obrigatórias), que levou à derrocada de uma maioria absoluta, à crise do bipartidarismo e à mais do que incerta governabilidade do país. O tempo não volta para trás.
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É possível querer um país sério e um país a sério
Há um Portugal antes do parágrafo e um Portugal depois do parágrafo — e o mero facto de eu nem precisar de explicar a que parágrafo me estou a referir diz já tudo