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Opinião

A direita sempre soube que Passos era tóxico

Assumir que Montenegro não quis ter o passismo como legado e que é um elogio a Portas este não ter a confiança da troika é assumir que o valor político de Passos nunca foi o que se dizia e que nem sempre defendeu os interesses do país. Destrói a retórica dos últimos oito anos. Passos não é o herói que salvou o país. Sempre foi um ativo tóxico. E este é o mesmo Passos de 2011, só um pouco mais ressentido

Numa conversa com Maria João Avilez sobre o período da troika, Pedro Passos Coelho voltou, pela terceira vez em dois meses, ao palco político. Apesar de dizer que fala pouco para não “haver grande condicionamento do partido”, é o que tem feito de forma insistente e sempre com estrondo e estrago. Como amigos como este, Montenegro não precisa de inimigos.

A primeira farpa que deixou é justa. Depois de recordar que Rui Rio foi oposição interna e que o seu distanciamento em relação à forma como lidou com a intervenção externa sempre foi evidente, o ex-primeiro-ministro recorda que "Luís Montenegro faz parte dessa herança” e que até deve a sua notoriedade no partido ao papel que então cumpriu. E conclui: “a mim parece-me que foi muito evidente nos últimos tempos que houve essa preocupação de tentar desligar.” Isto, apesar de Passos, de forma discreta, o ter apoiado.