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Opinião

O tecnofeudalismo substituiu o capitalismo

Os Estados-nação já não mandam nos seus cidadãos. Mas, sim, os oligarcas da nuvem

Certo, é mais uma crónica sobre inteligência artificial (IA). Tentemos que não considere o tempo por perdido. Há uns meses experimentei o ChatGPT-3, o modelo de linguagem generativa, e achei aquilo muito básico. Os meus receios de que pudesse “acabar com o mundo” acalmaram, bem como a ansiedade em relação às manchetes sobre IA. No subconsciente, nivelei tudo pelo ChatGPT-3. Há dias, um amigo nerd obrigou-me a subscrever o ChatGPT-4 Plus (25 euros por mês) e passei duas semanas a testar a superfície das suas potencialidades. É um agregador de modelos de IA generativa, que inclui desde imagens geradas por palavras (como o Dall-E), análise de dados, dezenas de modelos de linguagem, ferramentas para produtividade, investigação, programação e estilo de vida, e, em breve, a Sora, que produz vídeo a partir de texto. Fiz desde planos de nutrição adaptados ao paladar português, até alterações de design de interiores a partir de uma foto, e submeti um texto num GPT que só diz coisas negativas. Pedi-lhe uma analogia para explicar as diferenças entre o GPT-3 e o 4 Plus e disse que era como ter um canivete com uma lâmina ou um enorme canivete suíço. Decidi que devia alertar os meus amigos com mais de 50 anos sobre o 4 Plus. Vamos a tempo! Devo ter melgado umas oito pessoas. Só uma mostrou interesse. Estão em negação. Pagar para ver algo que os vai deixar em pânico não é eficaz. Contudo, são apenas ferramentas. Por agora. Ignorar não fará com que desapareçam.