Os políticos adoram tabus e acordos secretos, sobretudo quando estão em esforço numa campanha eleitoral. Dá sempre jeito insinuar que o adversário esconde coisas terríficas, que prepara um golpe e que é preciso muito cuidado porque quem votar num partido com tabus arrisca-se a acordar a 11 de março com o Diabo sentado à mesa. Não sendo uma narrativa sofisticada, foi a que Pedro Nuno Santos encontrou à mão e enquanto foi experimentando versões, ora contraditórias, ora mescladas, sobre o que fará se perder as eleições, o líder do PS lançou um repto: ou Luís Montenegro diz o que faz se perder, ou vai ser acusado de se estar a preparar para enganar os portugueses. A coisa terrífica, para já insinuada mas com potencial para rebentar com estrondo na reta final da campanha, é simples — a AD preparar-se-ia para usar uma eventual maioria de direita com o Chega para derrubar um Executivo socialista minoritário e contrapor ao Presidente da República uma solução numericamente mais estável para governar o país.
Exclusivo
O tabu não existe
Montenegro jogou no tudo ou nada, arriscou ser claro, não se juntará ao Chega e se o PS de Pedro Nuno ganhar será Governo. Qual é a dúvida?