A informação contabilística das empresas produz consequências a diversos níveis, nomeadamente no acesso ao financiamento e respetivo custo. Por exemplo, empresas com um nível de endividamento elevado ou resultados do período fracos defrontarão dificuldades em se financiarem e o juro a pagar refletirá o risco acrescido que representam para os seus financiadores.
No caso dos países acontece algo de semelhante. Os valores do défice orçamental e da dívida pública são informação a que os mercados financeiros estão atentos. Por isso, os recentes números da redução nominal da dívida pública relativos ao pretérito ano deverão ser motivo de regozijo para todos os cidadãos, mesmo para aqueles que são de opinião de que a dívida não é para pagar.
Porém, tal como os números das empresas podem ser “dourados” com o auxílio de truques – a denominada criatividade contabilística –, também ao nível das contas públicas, centrados nos valores do défice e da dívida, se encontram incentivos à utilização de medidas de criatividade similares aos das empresas. Diferem, apenas, quanto ao “modus operandi” e às variáveis que são objeto desta.