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Opinião

Deixa Pedro Nuno Santos ser Pedro Nuno Santos

“Let Bartlet be Bartlet”, um episódio de “West Wing”, é uma referência à frase “let Reagan be Reagan” usada pelos conservadores, que queriam que Reagan fosse, no campo oposto ao do fictício Jed Bartlet, o que foi: o homem que mudou a América. Pedro Nuno Santos é, ou era, o oposto de uma marca branca política. Tem de voltar a sê-lo, libertando-se do fato apertado que tem vestido

Vivia-se um momento de desalento na Casa Branca. Amarrado ao receio do conflito, sentindo-se enfraquecido por uma vitória pouco expressiva, o Presidente instalou, no seu gabinete, uma cultura obsessivamente cautelosa. Ao fim do primeiro ano de mandato, geria o seu poder, em vez de o usar. Os sinais de alarme ouviram-se quando Jed Bartlet caiu cinco pontos numa semana. O que tinha feito? Nada, exatamente. Este episódio de “West Wing” é feito de becos sem saída, decisões por tomar, com a tática a impedir qualquer controvérsia. Lembrei-me da frase “Let Bartlet be Bartlet", que o seu chefe de gabinete escreve num caderno e pousou na secretaria da Sala Oval, a propósito de Pedro Nuno Santos. Há um sentimento geral, entre admiradores e detratores, que está a usar um fato apertado. Alguém o convenceu, ou ele próprio se convenceu, que pode vencer as eleições sendo o que não é. Só sobreviveu politicamente por ser como é: destemido, determinado, impulsivo e sem receio de ter as suas próprias posições. Sem isto, fica o que correu mal, que ele próprio sublinha demasiadas vezes.