Não vale a pena ter ilusões. Não somos uma ilha e o crescimento da extrema-direita era uma inevitabilidade. Chega a cada lugar por razões diferentes, seja a imigração, a inflação, a corrupção, a degradação do Estado, os refugiados... Mas quando uma vaga assola a Europa, Portugal não tem como ficar imune. Pode chegar mais tarde, mas chega sempre. Repito o que disse em 2019, ainda o Chega não tinha deputados: a extrema-direita sempre aqui esteve. Como poderia não estar no último país europeu a descolonizar? Como poderia não estar num país com as marcas de uma guerra colonial de 13 anos? Como podia não estar depois de meio século de ditadura que moldou a nossa forma de pensar, sentir e viver? Repousava entre eleitores do PSD e do CDS ou abstencionistas. Faltava-lhe franquear as portas das instituições para se normalizar.
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Isto é só o início
Não foram as redes que alimentaram a sensação larvar de insegurança num dos países mais seguros do mundo. Que fizeram do escândalo a única forma de representar a política. Que organizaram programas desportivos que banalizaram a incivilidade como forma espetacular de debate. Foi o comércio mediático, a que ainda chamamos jornalismo, que alimentou o monstro