A demagogia da direita trata, como bem disse o ministro das Finanças, o aumento da receita fiscal, fruto da inflação e do crescimento económico e do desemprego, como se resultasse de mais impostos sobre as famílias e as empresas. É verdade que os impostos diretos são trocados por indiretos e isso pode merecer um debate. Mas, ao contrário do retrato pintado, o excedente fiscal não foi conquistado por um assalto ao contribuinte. Resulta de algumas boas notícias vindas do emprego e da economia e, infelizmente, das más notícias que nos chegam do estado em que o Estado está.
A sondagem da semana passada, no Expresso, é um excelente ponto de partida para este debate. Como em todos os lados e em todos os momentos, toda a gente gostaria de pagar menos impostos. Mas, perante o triângulo impostos-défice-Estado Social, as coisas ficam matizadas. 58% não quer baixar impostos se isso levar a um aumento do défice e 74% se afetar o Estado Social, que sabem corresponder a rendimento. Teriam de pagar bastantes mais do seu bolso se não o tivessem. Sobretudo os menos privilegiados.