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Opinião

Chile: os traidores não se esquecem

Com as recentes condenações judiciais, as vítimas de execuções, durante largos anos convertidas pelo regime em traidores, passam a ser, oficialmente, vítimas, mesmo que a divisão social persista relativamente ao golpe. Os seus algozes convertem-se, finalmente, nos verdadeiros traidores. E os traidores, como cantava Mercedes Sosa, não os devemos esquecer facilmente

“Sólo le pido a Dios que el engaño no me sea indiferente. Si un traidor puede más que unos cuantos que esos cuantos no lo olviden facilmente”, cantava Mercedes Sosa, apelando a que não se esqueçam aqueles que traem, mesmo que tenham do seu lado o poder da força.

O direito à verdade tornou-se um parâmetro incontornável no direito internacional. Foi consagrado pela primeira vez nos artigos 32.º e 33.º do Protocolo Adicional I à Convenção de Genebra (1977), que estabelecia o princípio geral do “direito das famílias a conhecerem o destino dos seus entes queridos”, sublinhando também o caso particular das pessoas desaparecidas, e prevendo a obrigação de as partes em conflito procurarem as pessoas consideradas desaparecidas.