Como o Governo já estaria informado há dias, e aliás era óbvio pela insistência do Presidente em várias declarações sobre o assunto, sobretudo pelo anúncio da presunção de não-inconstitucionalidade ao fim de alguns dias de reflexão, teria de haver veto. O que se segue é um jogo de cartas marcadas, uma vereda estreita da qual ninguém quer ou prefere sair: a maioria absoluta reaprovará a legislação, renovando as críticas dos vários lados, e Marcelo ficará satisfeito pela tomada de posição, que lhe permite ainda o tempo útil da verificação – em 2024 não haverá as 26 mil casas prometidas solenemente por Costa em campanha eleitoral tanto em 2019 quanto em 2022, não se comemorarão os cinquenta anos do 25 de Abril com a solução do problema mais urgente da habitação e, no final deste mandato, os preços e as rendas continuarão a destacar as nossas cidades entre as mais caras da Europa. É fatal como o destino.
A vitória do Governo neste braço de ferro será uma das mais caras que poderá pagar nas eleições, pois destruir a saúde pública e criar a espiral imobiliária serão as duas heranças em que o Governo parece ter mais empenho e ambas contarão nos protestos populares desde já e nos votos depois.