Opinião

Do nojo: o beato que apedreja o católico LGBT

Estes beatos apedrejadores dizem que os gays e lésbicas lhes metem nojo. Lamento, mas os únicos nojentos nesta história são precisamente os meninos beatos – sempre meninos, sempre homens, sempre betinhos – que atiram pedras a pessoas só porque elas são homossexuais. Ser gay não é um pecado, até porque não é uma escolha, é a natureza da pessoa. Agredir outra pessoa em nome de um ódio que se julga virtuoso, sim, é um pecado, um pecado que mete nojo porque é feito em nome de um livro que obviamente não leram, a Bíblia

A presunção de superioridade moral - é isto que mais me irrita numa pessoa ou num grupo. É por isso que jamais seria de esquerda, muito menos da esquerda portuguesa. Também é por isso que não suporto o cheiro a bafio do beato reacionário que se julga portador da pureza católica, que se julga porteiro da igreja, que não percebe que a igreja não tem portas, só umbrais, o beato que transforma a igreja num clubes dos seus amigos. Normalmente, estes beatos também são betos, porque um mal nunca vem só. Na Bíblia, estas pessoas são os fariseus, os grandes inimigos de Jesus; são aqueles que usam a igreja enquanto mecanismo de controle social e do consequente poder social dos controladores, a igreja que é a negação de Francisco e do Evangelho.

Ora, nesta história de agressão sofrida por um grupo de católicos LGBT às mãos de um grupo de jovens católicos e ultraconservadores (portugueses ou franceses, não interessa a nacionalidade), o único pecado – e é grave – está do lado dos agressores, que, na sua imensa soberba, agridem em nome do senhor do amor. Como é que não compreendem a contradição intrínseca? Estes beatos apedrejadores dizem que os gays e lésbicas lhes metem nojo. Lamento, mas os únicos nojentos nesta história são precisamente os meninos beatos – sempre meninos, sempre homens, sempre betinhos – que atiram pedras a pessoas só porque elas são homossexuais. Ser gay não é um pecado, até porque não é uma escolha, é a natureza da pessoa. Agredir outra pessoa em nome de um ódio que se julga virtuoso, sim, é um pecado, um pecado que mete nojo porque é feito em nome de um livro que obviamente não leram, a Bíblia.

Quem está perto do inferno nesta história não são os católicos LGBT que se limitaram a aparecer para partilhar a sua fé com todas as nacionalidades, cores de pele e orientações sexuais. Quem está literalmente no inferno são os agressores, os fanáticos que atiraram pedras a outras pessoas, porque acham que são puros e os outros impuros, porque acham que tem um telefone vermelho com ligação direta a Jesus. São tão arrogantes que nem se dão ao trabalho de ler o Evangelho, um erro clássico do beato que cede à violência fascista.