Como na clínica que coordeno temos uma consulta especializada de apoio ao luto, liderada pela colega Sofia Gabriel, a minha atenção foi inevitavelmente captada, nos últimos dias, pela notícia de que, em Gondomar, a população tem vindo a demonstrar-se indignada com a sentença que obriga a Câmara Municipal a desocupar um cemitério e a remover mais de mil sepulturas, no prazo de um mês.
Esta notícia exige uma reflexão acerca dos rituais fúnebres e da importância dos cemitérios para o processo de luto, servindo para recordar que tanto os mortos como os respetivos familiares vivos merecem resposta. É sabido que a vivência de uma perda pode ser, por si só, uma experiência traumática, ou seja, a vivência emocionalmente mais dolorosa e impactante que o ser humano pode experienciar ao longo de toda a sua vida.