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Opinião

Silvio Berlusconi

1936-2023. Político, multimilionário, acusado de sexo com menores, dono do AC Milan, condenado por fraude fiscal, adorado pelo povo, marcou a política italiana moderna

Franco Origlia/Getty Images

Muito poucas pessoas no mundo suscitam opiniões contrárias depois da morte. Ser “amado e odiado” é atualmente insuficiente para descrever o que é exigido sempre que falamos de pessoas que conhecemos somente por causa da sua intensa existência pública. A exigência é a de que os ainda vivos tomem partido, quer enterrando o morto já depois de enterrado quer reabilitando-o da tumba. Há casos em que esticar o dedo julgador é mero bom senso. Pensemos em Ted Kaczynski, o “Unabomber”, encontrado há dias morto na prisão. Há outros em que se tenta lamber as botas ao presente e editar a memória, sendo o mais recente o de Logan Roy, magnata da série televisiva “Succession”, cujos encómios após a morte deixam a família perdida de riso. E depois há Silvio Berlusconi.

Um dia de luto nacional, funeral de Estado, interrupção dos trabalhos no Parlamento italiano durante uma semana, bem como flores, bandeiras e uma faixa onde se lia “Adeus, Presidente” deixadas à porta da sua casa em Milão foram algumas das homenagens que lhe fizeram. As de Estado receberam fortes críticas da esquerda. As pessoas que votaram nele e que gostavam dele despediram-se com lágrimas nos olhos, mostrando um sentimento de genuína saudade por um homem que lhes era próximo.