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Opinião

“Rabo de Peixe” é um passo em frente no desenvolvimento da ficção nacional?

À boa medida portuguesa, um sucesso comercial virou alvo de crítica. Afinal, o nosso sucesso na Netflix vale mais do que um “top” de visualizações?

Raquel Costa e Rúben Pacheco Correia

SIM “Rabo de Peixe” é uma série perfeita porque é imperfeita. A história é igual a tantos thrillers que podemos encontrar na Netflix, não é especialmente complexa, a narrativa principal nem sequer está revestida de mistério, porque é baseada em acontecimentos verídicos, facilmente verificáveis com uma pesquisa no Google. Há um ligeiro overacting em alguns desempenhos e o grupo de amigos liderado por Eduardo (José Condessa) tem um ligeiro aroma a “Morangos com Açúcar”. Mas o mesmo se passa com, por exemplo, “Elite”, “Quem Matou Sara?” ou até “Bridgerton”, alguns êxitos da plataforma de streaming norte-americana.

“Rabo de Peixe” é um produto pop, construído para ser consumido como tal. Não almeja a complexidade do cinema, não quer ser uma peça de teatro. É TV, filmada para TV, com atores que ficam bem na TV (que tanto pode ser um telemóvel, um tablet ou uma smart TV). E é por isso que se consome bem. E é por isso que é um sucesso. Foi pensada para ser assim. Augusto Fraga, o criador da série, conseguiu o que a ficção televisiva portuguesa (novelas excluídas) anda há anos a tentar fazer e não alcançou: um produto pop para ser consumido por massas.