Uma das expressões da efemeridade das opiniões e da contaminação que as redes sociais impõem à política é a impunidade das bruscas viragens das mesmas pessoas na interpretação de sequências de acontecimentos. Se me permitem, isto não é um detalhe menor, dado que a intermediação na opinião pública, interessada que ela fosse, deixou de se apresentar como uma grelha de análise e passou a ser predominantemente um jogo de interesses com cartas marcadas totalmente concentradas no imediatismo. É o que leva, em casos abundantes, à ocultação das necessárias declarações de interesses e a um jogo de sombras em que o efeito de curto prazo é preferido ao respeito pela coerência. Olhe para o exemplo mais recente: então não houve quem aplaudisse a artimanha tão brilhante de António Costa ao manter Galamba e assim fintar o Presidente? Foi há um par de semanas, mas essa manobra genial já ficou sepultada pelo frenesim dos acontecimentos seguintes e poucos dos seus aplaudidores se lembrariam agora de reivindicar o brilho dessa escolha, transformada numa pantanosidade embaraçosa.
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