“A democracia europeia está sob ataque”. Foi desta forma que que Roberta Metsola definiu o esquema de corrupção para beneficiar o Catar e que levou à detenção da vice-presidente do Parlamento Europeu Eva Kaili, fazendo estremecer a credibilidade de uma instituição que vive, já por si, um dos momentos mais desafiantes da sua existência.
O tema da transparência voltou a ganhar destaque na opinião pública e na agenda política. Motor da democracia, a transparência - ou neste caso, a sua ausência - regressa e a abala o sistema que melhor representa as vozes e os interesses de todos os cidadãos.
O mais recente estudo da Fundação Francisco Manuel dos Santos sobre “Ética e Integridade na política” revela que apenas 54% dos europeus estão satisfeitos com a democracia, que apenas 17% confiam nos seus partidos políticos, 34% confiam no Parlamento e apenas 32% no governo eleito. Estes números, cujos valores têm vindo em decréscimo ao longos dos últimos 20 anos, colocam em causa a confiança dos cidadãos nos representantes políticos, em quem se deveriam sentir efetivamente representados, fragilizando assim um dos pilares mais críticos e estruturantes da coesão democrática.