Março, mês associado à juventude, à ação, intervenção e luta dos jovens. Comemoramos o Dia do Estudante a 24 de março e o Dia Nacional da Juventude a 28 de março.
Neste ano assinalamos os 60 anos da “Crise Académica de 1962”. A proibição do Dia do Estudante em Lisboa, em 1962, que se realizava desde 1951, foi o rastilho para a contestação dos estudantes, fortemente reprimida pelo fascismo. Na reunião da RIA (Reunião Inter-Associações), a 26 de março, foi decretado o luto académico, com o lema «Ofenderam-te? Enluta-te!». Realizaram-se inúmeras ações, sobretudo em Lisboa e Coimbra, desde plenários, greve às aulas, concentrações, desfiles, manifestações, à ocupação de instalações das universidades, e mais uma vez o fascismo respondeu com violentas cargas policiais, prisões, encerramento das instalações das associações.
Assinalamos também os 75 anos da realização da Semana da Juventude, organizada pelo MUD Juvenil, com destaque para a realização do acampamento de jovens em Bela-Mandil (Olhão), alvo de repressão pela PIDE.
O movimento estudantil e o movimento juvenil contribuíram para o desenvolvimento da luta antifascista, para o derrube da ditadura, para a conquista da liberdade, da democracia e dos direitos.
Hoje, os estudantes lutam pela valorização da Escola Pública. No dia 24 de março, os estudantes do ensino superior saíram à rua, numa grande manifestação até à Assembleia da República. Lutam pela gratuitidade do ensino e pelo fim das propinas; pelo reforço da ação social escolar, nomeadamente por mais residências e bolsas de estudo, bem como o aumento do montante das bolas; pela gestão democrática das instituições de ensino superior, incluindo a participação dos estudantes nos órgãos de gestão e o fim do regime fundacional.
Os jovens trabalhadores, irão realizar no próximo dia 31 de março, a Manifestação Nacional da Juventude Trabalhadora, em Lisboa e no Porto. Lutam pelo aumento dos salários, contra a precariedade, pelo horário de trabalho de 35h e pelo fim da desregulação dos horários de trabalho, pelo fim da caducidade da contratação coletiva, pelo fim do período experimental de 180 dias para jovens à procura de primeiro emprego e para desempregados de longa duração.
O desinvestimento na Escola Pública, a degradação das instalações e das condições de ensino/aprendizagem, a insuficiência da ação social escolar, não garantem a igualdade no acesso e sucesso escolar. Por outro lado, a política de baixos salários, a precariedade, a desregulação dos horários de trabalho, as dificuldades no acesso à habitação, não dão segurança para que os jovens se possam autonomizar e construir família. Não resolver estes problemas é adiar o futuro dos jovens.
É preciso dar resposta aos problemas que afetam os jovens no nosso País. A atual situação exige respostas que passam pelo investimento na Escola Pública em todos os níveis de ensino; pela criação de emprego com direitos e por salários dignos; pela estabilidade do vínculo laboral, para assegurar a estabilidade da vida; pela redução do horário de trabalho e o fim dos mecanismos que conduzem à sua desregulação, que permitam conciliar a vida profissional e a vida pessoal; pela garantia do direito à habitação, seja pela construção de habitações públicas, seja pela garantia da estabilidade no arrendamento e de valores de renda compatíveis com os rendimentos.