Deixei de ver futebol. Não, a razão não é a liderança do Sporting ou a má relação entre o FC Porto e os árbitros, duas provas irrefutáveis de que o fim do mundo está mesmo para breve. Não, a razão também não é o tédio competitivo (ganham sempre os mesmos na UEFA) ou a rapidez monocórdica do jogo: o futebol está paradoxalmente mais rápido e mais previsível; perdeu beleza e improviso. O problema é mesmo a tecnologia, que está a sugar a humanidade do jogo.
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Matem o VAR antes que o VAR mate o futebol
Em nome da milimétrica verdade científica (algo que a sociedade dos placebos não consegue encaixar na gestão da pandemia), o VAR está a matar a emoção do futebol, um desporto que está mais próximo da beleza imperfeita da arte do que da perfeição euclidiana da ciência. O que é um fora-de-jogo de centímetros ao lado da beleza que é um pai, Sérgio Conceição, a comemorar um golo no último minuto agarrado a um filho que também é um dos seus jogadores?