No confronto entre os apocalípticos da covid e os negacionistas do covid, sou agnóstico. Sei que a contagem diária de infetados amplificada pelos media pinta um cenário desproporcionado e que é estúpida a ideia de que esta pandemia é de alguma forma irrelevante. Sei que não estou disponível para a banalização da violação das regras democráticas pelas quais muitos morreram e que exijo que outros custos para a saúde pública e sustentabilidade do SNS sejam tidos em conta. Sei que, para isso, é indispensável ouvir outros técnicos para além dos especialistas em vírus, epidemias e doenças respiratórias. E sei que tem faltado algum contraditório científico numa área que, ao contrário do que acontece com as alterações climáticas, há mais dúvidas do que certezas. Mesmo o termo “negacionista” que aqui uso pode ser, neste caso, excessivo.
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Médicos pela Verdade
Num movimento que pretende contestar as informações científicas, não há um único epidemiologista, virologista, pneumologista ou especialista em saúde pública. O problema não é os “Médicos pela Verdade” exporem as suas opiniões. É apresentarem-se nas redes sociais sob a capa de uma autoridade científica de quem, ao contrário dos especialistas, está a dizer a verdade