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Supremo britânico diz que voos de migrantes para o Ruanda são ilegais: vem aí mais uma revolta nos conservadores?

Os tories estão de novo em convulsão. Não diretamente por causa da UE, mas também por causa da UE. O Supremo Tribunal do Reino Unido classificou como ilegal a política de envio de migrantes para o Ruanda, mas Rishi Sunak promete apresentar legislação de emergência na tentativa de obter um veredicto diferente. Em Downing Street volta a falar-se do fim da vigência da Convenção Europeia dos Direitos Humanos, o que causaria ainda mais divisão interna. Eleições para breve? Conseguirá o primeiro-ministro travar os mais radicais do seu partido?
O primeiro-ministro do Reino Unido, Rishi Sunak, a anunciar o adiamento das metas de descarbonização do país
JUSTIN TALLIS/POOL/AFP/Getty Images

A batalha política dentro do Partido Conservador britânico está a aquecer e a ignição tem origem conhecida: o problema dos barcos com migrantes que têm chegado à costa britânica nos últimos dois anos. Em 2022, o número de pessoas a desembarcar nas praias do sul de Inglaterra atingiu um recorde: 45.755. Já este ano, até novembro, segundo o Ministério do Interior do Reino Unido, mais 27.284 migrantes entraram no país pelo Canal da Mancha.

Na semana passada o Supremo Tribunal do Reino Unido decidiu que é ilegal o acordo com o Ruanda que o Governo britânico assinou em 2022. Em causa está o envio para o país africano de requerentes de asilo que cheguem ao Reino Unido, enquanto a sua situação é avaliada. A justiça deitou por terra o “plano A” do primeiro-ministro Rishi Sunak para dissuadir as travessias a partir do norte de França

O Ruanda não é um país seguro, consideraram os juízes, unânimes. “Existe risco real de os pedidos de asilo não serem corretamente analisados e, consequentemente, os requerentes de asilo ficarem em perigo de serem reenviados, direta ou indiretamente, para os seus países de origem”, lê-se na decisão do Supremo.