O objetivo estipulado pelo Governo israelita é destruir o Hamas, embora nunca se tenha mostrado disposto a especificar que estruturas políticas ou administrativas substituiriam o grupo extremista. As Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla inglesa) têm comunicado repetidamente ao Governo que podem derrotar e degradar militarmente o Hamas, mas é impossível destruir a sua ideologia política.
Os Estados Unidos (EUA), sob os governos de Joe Biden e Donald Trump, questionaram Benjamin Netanyahu sobre os seus planos para o “dia seguinte” à guerra. Nenhum dos dois obteve resposta realista do primeiro-ministro israelita.
Em março, em resposta ao plano de Trump, que previa a limpeza dos habitantes palestinianos de Gaza e a edificação de uma “Riviera no Médio Oriente” — afastando-se da política de longa data dos EUA para o Médio Oriente, centrada numa solução de dois Estados —, surgiu uma proposta política, elaborada pelo Egito. A ideia seria deixar o Hamas de lado e substitui-lo por órgãos provisórios controlados por Estados árabes, muçulmanos e ocidentais, segundo uma versão preliminar a que a Reuters teve acesso.
Desde maio de 2024, quando estava na ordem do dia um plano de cessar-fogo abrangente, que existiam “propostas para várias forças de estabilização lideradas por árabes e uma administração provisória”, destaca John Strawson, perito em Estudos do Médio Oriente na University of East London. “A Arábia Saudita e os Estados do Golfo estavam ansiosos por liderar este processo. Uma solução regional para garantir a segurança de Israel e pôr fim à tragédia humanitária em Gaza faz sentido.”
O Governo israelita, porém, “bloqueou tudo isto, continuando a guerra, algo que não faz sentido militar, mas que o primeiro-ministro israelita acredita ser do seu interesse político”, lamenta Strawson, em declarações ao Expresso.